Que a noite seja perfeita se formos dignos dela .
Nenhuma pedra branca nos indicava o caminho .
Onde as fraquezas vencidas acabavam de morrer .
Íamos para além dos mais longínquos horizontes .
Com os nossos ombros e com as nossas mãos.
E esse entusiasmo tamanho
Até ao brilho das abóbadas insondáveis.
E essa fome de permanecer.
E essa sede de sofrer.
Sufocando-nos a garganta.
Como mil enforcamentos .
Partilhamos as nossas sombras.
Mais do que as nossas luzes.
Mostramo-nos.
Mais gloriosos com as nossas feridas.
Do que com as vitórias esparsas.
E as manhãs felizes.
Construímos muro a muro.
A negra muralha de nossas solidões.
E essas cadeias de ferro prendendo o nosso andar.
Forjadas com o mais duro metal .
Que perfeita seja a noite em que nos afundamos.
Destruímos toda a felicidade e toda a ternura.
E os nossos gritos não terão.
Doravante mais do que o trêmulo eco.
Das poeiras perdidas.
Nos abismos do nada .
(in Poèmes d’ Hankéou, 1934)