domingo, 2 de novembro de 2008

Eu Sou Como A Garça Triste .



Eu sou como a garça triste
Que mora à beira do rio,
As orvalhadas da noite
Me fazem tremer de frio.

Me fazem tremer de frio
Como os juncos da lagoa;
Feliz da araponga errante
Que é livre, que livre voa.

Que é livre, que livre voa
Para as bandas do seu ninho,
E nas braúnas à tarde
Canta longe do caminho.

Canta longe do caminho.
Por onde o vaqueiro trilha,
Se quer descansar as asas
Tem a palmeira, a baunilha.

Tem a palmeira, a baunilha,
Tem o brejo, a lavadeira,
Tem as campinas, as flores,
Tem a relva, a trepadeira.

Tem a relva, a trepadeira,
Todas têm os seus amores,
Eu não tenho mãe nem filhos,
Nem irmão, nem lar, nem flores.



«''Castro Alves (1847-1871) foi um dos poetas Brasileiros do século XIX que voou mais alto nas asas da poesia , apesar de ter partido do mundo dos vivos apenas com 24 anos de idade. Tuberculoso no começo da juventude, viveu cada dia da vida como se fosse o último.''»
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