quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Uma ilha com vida ..

«RIO CÁVADO-ESPOSENDE»

Deixaste-me partir descalço sobre as minhas feridas.
Onde estás,
companheira de todas as águas?
A noite é uma janela aberta sobre o mar.
Os vasos das gardénias mais sombrias quebram-se de encontro ao silêncio.
Ouvi os violinos nas catedrais da tarde;
cavalos de sombra trotaram por entre as árvores,
na tua fronte,
nas chamas que crepitavam-nas tuas mãos esquivas.
Já não vejo o teu rostonos pingos de chuva que cobrem o pára-brisas.
Afasto-me aos poucos de Julho,
do mês em que mais cresceste dentro de mim.
Tens, sei, a natureza das florestas no Outono,
e são bravos os teus cabelos como os pinheiros da costa.
Escondo-me agora na minha cama de pedra,
nos meus sonhos de vidro,
nos lençóis de luar com que cubro agora os momentos mais fundos sem ti.


Eduardo Bettencourt Pinto.